...um dia sonhei que sabia desenhar... Como os desenhos que via nos livros das histórias que os meus pais me liam para adormecer. Sonhos de criança...
Todos temos sonhos. Uns realizáveis, outros, não passam disso mesmo. Projectos que um dia e noutras circunstâncias achámos que se poderiam concretizar. E tempos depois, tornam-se inviáveis. Há os ainda que, ficam escondidinhos no nosso ser, como que adormecidos, guardados numa caixa a sete chaves. Esquecidos, que o tempo se encarrega de esfumar e fazer desaparecer. Os tais sonhos de criança. Dizem que a vida, sábia como só ela, vem e nos dá o que é melhor para nós e assim nos conformamos.
Sabem...
... o quanto é difícil pegar num sonho e começá-lo a tornar realidade. O quanto pessimistas somos como povo. Que mais depressa nos conformamos com a incerteza, com a dúvida, do que arregaçamos as mangas e enfrentamos os problemas. De frente, sem medos e com coragem. É tão mais fácil, diria até cómodo, reconfortarmos-nos com umNão sou capaz. Assim até nem sequer temos "chatices".
A vida, sábia como só ela, vem e conspira...
Sabem...
... aquele momento que se segue, quando damos por concluída uma tarefa? A tal que pensávamos esquecida e que não passava de um sonho de criança?
... aquele pequenino e fugaz momento que se segue quando pousamos o lápis, olhamos para o trabalho e na nossa mente surgem, como se estivessem escritas, a letras garrafais, a néon... as palavras...
ESTÁ PRONTO!
Sabem...
... o povo tem razão quando diz que "As palavras são como as cerejas, vão umas atrás das outras". Agora que lhe tomei o gosto... só sei não consigo mais parar!
A avaliar pelo tempo que levo a acabar um desenho. ;)
Só aqui, neste pedacinho de desenho a carvão, estão à volta de 3 horas de trabalho!
Árduo por sinal!... Nem sei porque insisto!!!
"Drawing takes time.
A line has time in it."
David Hockney
Não podia estar mais de acordo...
Não existe uma hora estabelecida, padronizada, catalogada para se definir o tempo que se leva a fazer um desenho. Vai sempre depender de tantos factores.... Tais como de quem desenha ou do que é desenhado!
O que realmente importa é o prazer e todos os benefícios que daí advém quando se está a desenhar!
Sabem aquele vosso amigo que confia mais nas vossas capacidades do que, muitas das vezes, vocês próprios?!
Pois...
Tenho a felicidade de poder dizer que tenho um assim! Já aqui tinha falado dele.
Estávamos em dezembro do ano passado, por alturas do natal, e ainda só se tinham passado uns cinco meses desde que comecei a desenhar a lápis de cor. Proporcionou-se poder-lhe amostrar, ao vivo e a cores, um dos desenhos dos meus gatos, pois pela net já os tinha visto.
Conversa puxa conversa...
Quando de repente... vira-se para mim e como por artes mágicas, saca da sacola, não um coelho, mas um pedido de...
Faz-me o meu retrato!
E fez-se... freeeeeeze...
Mas eu nunca fiz um retrato.
Balbuciei...
Os únicos que tenho experimentado são com gatos, principalmente os meus e ainda tenho muito a aprender. Só a título de exemplo... melhorar a técnica do traço. Afinal, sou só uma mera curiosa autodidacta. Dos tempos livres que vou dispondo. Ainda não me tinha atrevido quanto mais pensado desenhar alguém. Quem quer que fosse.
Mas ele...
Com a sensibilidade inata de um poeta e escritor, simplesmente disse-me...
Tu vais conseguir! Eu confio em ti e nas tuas capacidades! Leva o tempo que precisares!
Duvidei e muito se conseguiria ter "unhas para tocar esta guitarra". Comecei-o em janeiro, mas só depois de devorar n tutoriais de como desenhar um retrato. Quanto mais via com mais dúvidas ficava.
Acabei-o quarta feira passada à noite.
O sentimento que fica, para além de "dever cumprido" é o de superação. E se no início pensei que não ia conseguir, agora, estou nas nuvens!
Epá até que sou boa nisto!
Fica também aquela sensação de que não o queremos dar como pronto. Que ainda falta acrescentar mais um detalhe. E volta não volta... Volta-se a olhar prá folha, só para se ter a certeza de que o tal pormenor não nos escapou!
Ainda nem acredito que consegui!
Yeaaaahhhhhh!!!
Ah é verdade!
Ele gostou!
Algumas fotos de como foi evoluindo o desenho
Nunca pensei que para se conseguir um tom de pele, o mais parecido com o da fotografia que usei para me regular, fossem precisos tantos lápis. Devo, para tudo, ter usado uns 30 lápis.
Engraçado é que se pensei que o cabelo e barba iriam ser onde teria menos dificuldades a desenhar, depressa mordi a língua!
Uma pessoa entusiasma-se toda a ver trabalhos feitos em scratchboard. E pensa...
Epá isto é tão giro! Não deve ser assim tão difícil. Vê uns tutoriais e empolga-se toda... Desloca-se à loja e quando arregala a menina do olho frente ao prometido...
Dizem-nos isto?!...
Atenção ao raspar. Se, se enganar não há volta a dar...
Talvez tenha sido este o argumento que me tem retraído e ainda não me fez ter aquele click e experimentar o scratchboard. Mas, até se me roíam as entranhas se não compra-se o material.
É que depois de se ver os trabalhos desta Sra., foi e é impossível ficar indiferente e o bichinho da inveja, da boa, roeu... E qual macaquinho de imitação qual carapuça... Também eu hei-de experimentar...
... ou scraperboard? É uma técnica de desenho ou pintura, na qual se usa um papel cartonado coberto com uma fina camada de argila branca da China e revestido com tinta preta da Índia, ou guache. Sobre a qual são raspados, com ferramentas próprias, finos traços que põem a descoberto a parte debaixo da tinta preta. O que se obtém é, ao contrário dos tradicionais desenhos a cor, um contraste de luzes. Que podem ser pintados por cima e novamente raspados de forma a acentuar os pontos de luz.
Digam lá se não faz lembrar as fotos a preto e branco.
Ai Mari... mas o que é que tu... moça... foste fazer?!
Ai as minhas ricas notinhas todas estragadas...
Anda uma mãe a criar uma filha para isto????
Para pegar no dinheiro e pintá-lo?
Foi isto que fizeste ao dinheiro que te mandei ir arranjar ao peditório para o
Santo António?!
Diz-me já mulher de Deus... que isto sai.
Que são daquelas tintas que saem com água...
Pasmem-se as almas mais tesas deste País e arredores...
A moça deve ter uns pais ricos...
É que só pode...
Anda meio mundo a contar os tostões... a esticar o dinheiro para que chegue até ao final do mês.... e com muito esforço e depois é isto???
Notas pintadas?!
Mas....
tão giras!!!
Mari Roldan - instagram é uma jovem artista autodidacta que usa as notas de Euro... em vez das tradicionais telas...para demonstrar a sua arte.
Vejam alguns dos exemplos de algumas obras muito conhecidas e por ela reproduzidas!
Eu... nem tenho palavras...
mê rico dinheirinho...
andou meio país de mão esticada... ainda na semana passada... a pedir um tostãozinho para o Santo António e esta moça faz-me isto às notas?
Enfim...
Se quiserem arriscar a vossa sorte e começarem a pintar que nem uns desalmados(as)...
Então... mãos à obra...
Mas tenham em atenção...
Precisam de preencher alguns requisitos tais como:
- Terem uns pais ricos
-Terem alguém disposto a comprar-vos as notas
e principalmente, caso as coisas não corram bem...
- Perguntem primeiro ao Banco de Portugal se as aceita de volta! Ou não vão pensar que são notas bem "disfarçadas" de algum assalto a uma caixa de multibanco!